(E a chave da libertação que está dentro de você)

Por Gabriele Ribas

“Amigo, não seja um perfeccionista. Perfeccionismo é uma maldição e uma prisão. Quanto mais você treme, mais erra o alvo. Você é perfeito, se se permitir ser.

Amigo, não tenha medo de erros. Erros não são pecados.

Erros são formas de fazer algo de maneira diferente, talvez criativamente nova.

Amigo, não fique aborrecido por seus erros. Alegre-se por eles. Você teve coragem de dar algo de si.”

Fritz Pearls

– Qual você acha que é o seu principal defeito? – era uma das perguntas para Ellen, na sua entrevista de emprego.

– Ah, acho que sou perfeccionista. – Ellen respondeu, imaginando que o perfeccionismo poderia ser uma qualidade disfarçada, ou até o melhor dos seus defeitos.

Mal ela imaginava que o perfeccionismo era uma grande prisão, e não significava excelência, mas sim medo. Não traria avanço, e sim paralisação…

Talvez o perfeccionismo nos roube a ideia de humanidade, de inteireza, para uma falsa sensação de superioridade, que na verdade… É apenas uma máscara solitária.

Vamos expressar nossa essência? Vamos ser inteiros? Vamos ser humanos? No texto de hoje, compartilho com você reflexões terapêuticas para inspirar nos libertarmos da prisão do perfeccionismo.

Vamos juntos?

Trazendo um olhar para o passado, muitas vezes, as pessoas perfeccionistas possuem histórias com figuras parentais cobradoras. Eis que a exigência e a ansiedade passam a ser incorporadas na vida da pessoa.

Contudo, motivados pelo poder da mudança e conscientes que o passado não prediz o futuro, somos capazes de ESCOLHER e reescrever a nossa história. Afinal, não é o que fizeram de nós, mas o que nós fizemos daquilo que fizeram de nós, não é mesmo?

Outras vezes, o perfeccionismo vem fantasiado de vozes culturais, crenças limitantes, ou lentes distorcidas que supõe que você não é bom o bastante, por mais que se dedique a fazer algo bem feito. Buscar ser perfeito é um abismo delirante de frustração e culpa.

Geralmente, o perfeccionismo está imbuído de expectativas irreais. Aquela sensação de nunca estar pronto, de sempre precisar algo mais… Retoques, revisões e ajustes podem esculpir uma melhor versão. Mas a maestria nasce da prática, e se nunca se permitir agir, por medo de errar, você se torna cárcere de si mesmo.

É importante lembrar que fazer bem feito não é sinônimo de perfeccionismo. Dedicação, disciplina e excelência são expressões genuínas do trabalho bem feito. Já o perfeccionismo, é insatisfeito por natureza…

“Não sou bom o bastante”: Medo e insegurança podem vir disfarçados de perfeccionismo, e são fatores que muitas vezes impedem o crescimento. Fantástica uma das falas do psicólogo Carl Rogers, diante de uma plateia em que iria apresentar a sua teoria, ele diz: EU SOU SUFICIENTE.  Afirma ser capaz de acolher e ajudar a pessoa que lhe procura, pois, sim, ele é suficiente.

O perfeccionismo comumente leva à procrastinação, pois está à espera da perfeição, do momento ideal, da situação perfeita… que por sinal, pode nunca aparecer tão claramente, levando a uma série de adiamentos que atrasam a realização dos sonhos e objetivos.

Somos humanos, ora acertamos, ora erramos o alvo, mas acima de tudo: aprendemos. Aprendemos com as experiências, sejam agradáveis ou desagradáveis. Aprendemos pelo amor, outras vezes, pela dor… As dualidades da vida formam um contraste que também tem a sua beleza.

WABI-SABI é um conceito oriental que significa a beleza das coisas imperfeitas. Este conceito é baseado no zen budismo, que aprecia a simplicidade, a naturalidade, a impermanência…

Wabi-sabi é a arte da imperfeição, e pode ser um bom ‘antídoto’ para o perfeccionismo. Somos humanos, perfeitamente imperfeitos e imperfeitamente perfeitos…

A libertação do perfeccionismo passa pela aceitação… aceitação da nossa humanidade. Quando deixamos de fazer algo pois “não está perfeito” anulamos nossa autoexpressão.

Você já deve ter ouvido a máxima: “Feito é melhor que perfeito.”

Quando o perfeccionismo rouba nossa ação e paralisa o fluir da vida, deixamos de entregar nosso melhor. O nosso melhor pode não ser perfeito, mas é suficiente para expressar o nosso ser nesse momento, aqui e agora.

Deixar de agir, por medo de errar, pela ilusão da espera pelo momento perfeito, é uma prisão…

Liberte-se do que te aprisiona…

Comece de onde você está. Comece com o que você já tem… Comece com o que você já sabe. Esse é o primeiro passo, e todos os outros virão a partir desse.

Coloque-se em ação e dê o seu melhor. Isso nada tem a ver com perfeccionismo, mas sim, com estar presente e inteiro em cada ação. Dar o seu melhor será diferente conforme o seu momento. Nem de mais, nem de menos… mas o suficiente para te colocar em movimento e expressar a beleza do ser único que você é!

O perfeccionismo é uma prisão… e a chave da libertação… está dentro de você! Liberte-se! Aceite-se! Expresse-se! Dê o seu melhor!

Vamos praticar?

Sugestão de Exercício de Escrita Terapêutica:

Liste dez coisas que você faria se não alimentasse o perfeccionismo.

1. Se eu não  alimentasse o perfeccionismo, eu faria…

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Abra mão do calabouço do perfeccionismo e dê um passo em direção ao que você realmente quer realizar…. Que tal escolher uma dessas ações para colocar em prática nessa semana? Experimente!

Dê o seu melhor e aceite a sua humanidade… Você é bom o suficiente… e… FEITO É MELHOR QUE PERFEITO…

Com carinho,

Gabi Ribas