Como você se protege? Estabelecendo limites.

A armadura de Atena e o tatu

 

No mito grego de Atena, a donzela nasce da cabeça de Zeus, emergindo num grito de guerra, vestida na sua protegida armadura. A deusa guerreira é considerada a personificação da sabedoria e da civilização.  Companheira dos heróis, grande estrategista e conhecida pelas suas qualidades como a inteligência, a força, o poder e a comunicação.

O arquétipo de Atena inspira na mulher e no homem, o poder pessoal, o gosto pelos estudos e pelo trabalho, a razão, a capacidade de organização e planejamento, a coragem e a iniciativa.

A armadura de Atena é o símbolo da sua autodefesa e autoproteção. Entretanto, por trás da sua impetuosa armadura, muitas vezes há uma vulnerável jovem encoberta pela aparente força exterior. Essa metáfora nos remete ao reconhecimento de que apesar de uma imagem guerreira e muitas realizações exteriores, muitas pessoas guardam em si inseguranças, ansiedades e sentimentos dolorosos.

Certamente, um escudo pode ser útil para nos sentirmos fortes e protegidos diante das adversidades da vida. A “armadura” como uma proteção e clareza definida de limites é útil e valiosa.  Por outro lado, identificar-se em demasia com a armadura pode se transformar numa prisão. A mesma firmeza que defende do perigo, pode aprisionar nossa essência. E de tanta defesa, física, intelectual e emocional, perder a nossa suave vulnerabilidade humana, exposta a toda sorte de acontecimentos.

Contudo, a sabedoria consciente de Atena nos ensina o uso apropriado da força defensiva. Invoca o poder de combater a opressão e de se defender de qualquer possibilidade de ser prejudicado. Atena sempre está pronta para a batalha, mas a verdade é que a grande batalha não está fora, mas sim dentro de cada um de nós. Na nossa complexidade humana, podemos ser heróis e vilões de nós mesmos.

Assinalo, que quando me refiro à proteção e à defesa, trago uma visão holística, que pode ter relação a nível físico, emocional, psicológico, energético, espiritual ou social.

Como por exemplo, uma pessoa pode chegar num ambiente hostil e sentir-se “energeticamente” sugada, para proteger-se neste nível, pode visualizar-se numa bolha de luz, que seria a sua ‘armadura imaginativa e criativa’ que traria mais força e firmeza interior para enfrentar o ambiente.

Na mitologia grega, Atena é simbolizada pela serpente, que é considerada uma imagem de proteção e renascimento, desde a antiguidade. Em algumas pinturas, Atena aparece com uma coruja em seu ombro, que é seu principal símbolo de sabedoria.

Essa questão de proteção, defesa e limites, lembra-me do TATU, que tal qual Atena, carrega sempre a sua armadura consigo. Sua carapaça protetora é parte do seu ser e assinala os seus limites definidos. Dar limites, por exemplo, é ser capaz de dizer não. O tatu sabe bem defender o seu próprio espaço vital, e você?

Perguntas Poderosas… Para reflexão e autoconhecimento…

Como anda a sua armadura? Está sempre aberto, disponível, tolerante e vulnerável e tem dificuldades em dar limites? Ou tem uma couraça impenetrável que te aprisiona e te afasta de desfrutar as incertezas da vida?

E que tal o caminho do meio? Saber proteger-se, sem perder a sua vulnerabilidade humana?

Quando você se sente mais poderoso? Quando você se sente menos poderoso? Como você usa o seu poder pessoal?

Quando criança, como você reagia quando era ameaçado ou desafiado? Como você reage hoje? Houve alguma mudança?

Do que você se protege hoje? O que você faz para se defender e dar limites?

Que o escudo de Atena nos proteja sempre!

Com carinho,

Gabi