Falar sobre morte, perdas… sei que é um tema delicado… quero suavemente trazer esse assunto e mostrar que a escrita pode ser uma ferramenta útil para acalentar o sofrimento diante da perda.
Há alguns anos atrás, quando percebi que minha avó/ madrinha estava muito doente passei a escrever-lhe cartas terapêuticas.

Naquele momento que me dei conta que ela estava partindo, meu desejo era expressar um infinito. Escrevi de todo o coração, derramei todo meu sentimento no papel.
Nessas cartas, escrevi tudo que sentia por ela, relembrei momentos, expressei afeto… Essa é a experiência do luto antecipatório. Quando há a preparação da despedida em vida.

Depois da sua passagem, escrevi uma série de poesias diante das sensações do luto… Apesar da despedida, da tristeza, da saudade… a escrita me auxiliou a dar voz para a imensidão dos meus sentimentos. Escrever me trouxe paz, clareza, harmonia, serenidade… amor.Descobri poesia, beleza e até epifania mesmo diante do luto. Foi uma fase muito desafiante e dolorosa, mas me trouxe uma nova força e esperança.

Lembro de uma aula de Psicologia Positiva que dei, sugeri que os alunos fechassem os olhos, e lembrassem de alguém que foi muito especial em suas vidas.
Solicitei que escrevessem uma carta de gratidão para essa pessoa. Algumas alunas disseram que logo pensaram em alguém que já havia falecido. “Escrevam mesmo assim” – sugeri.
Na aula seguinte, comentaram o quando essa singela atividade havia sido terapêutica e libertadora.

Se alguém que você ama, não está mais presente neste plano, você ainda assim, pode se expressar. Escrever uma carta para alguém que partiu é um exercício profundo e revelador. A carta pode não ser enviada, mas será de alguma forma recebida… dentro de você… universo a fora… a energia de amor se transforma em bolinhas de luz coloridas que encantam o mundo com paz e beleza.

É uma passagem, uma nova forma de ser e sentir… podemos não compreender com a mente, mas o coração sabe abençoar esse encontro 💗 Para quem você escreveria? O que você escreveria?

Com carinho, Gabi Ribas